"O PRINCÍPIO"
As memórias reportam-se a Janeiro de 1970, quando assentei praça em Mafra, o que, trinta e nove anos depois, para quem fala de memória, é muito tempo.
O primeiro contacto com a esfera militar, tirando a Mocidade Portuguesa e a Milícia da dita instituição que frequentei, fez-se em Janeiro de 1970 na Escola Prática de Infantaria, em Mafra. Comigo entraram, tanto quanto sei, todos os Alferes Milicianos originários do nosso Batalhão, alguns só na recruta, pois os não atiradores foram fazer a especialidade noutras Unidades.
Na altura deram-nos o "Guia do Instruendo" (anexo 1), que continha os apontamentos da história da E.P.I., o hino e letra da E.P.I., a descrição heráldica do guião da E.P.I., o mapa da vila e arredores, o horário das missas, locais dos bens e serviços, descrição do quartel e seus serviços, e as indicações para os instruendos, desde a finalidade dos C.O.M., até às faltas, saídas, comportamento, etc.… Posso transcrever algumas regras:
Barbearias – todos os instruendos do C.O.M. podem cortar o cabelo
gratuitamente na barbearia das praças, NÃO SENDO PERMITIDAS GORJETAS,
ou pagando, na barbearia dos Oficiais e Sargentos (cabelo 4$00), sendo
omisso na questão das gorjetas;
Casamentos – nenhum instruendo deve aprazar o seu matrimónio sem
previamente ter assegurado a possibilidade de o fazer na data em que
pretende;
Óculos escuros – Desde que não sejam graduados só podem ser usados por autorização do Exmo Sr. Comandante, mas as fotos para documentos não podem ser com os ditos óculos.
Foi aí que passámos entre Janeiro e Junho de 1970, cada um no seu pelotão e cada pelotão na sua Companhia, pois, tanto quanto me lembre, nenhum de nós era da mesma unidade de formação.
Antes de rumarmos a Chaves ainda houve uma falácia que consistiu num sorteio para escolher, não sei quantos cadetes – três ou quatro, para rumarem à Força Aérea. Tretas…
Chega então a ida para Chaves. De Lisboa fui eu, o Vale Pereira e o Albuquerque Dias. Comboio para o Porto (viagem durante a noite, no comboio militar ou talvez no comboio correio), depois do Porto para a Régua (ao princípio da manhã) e, então foi o calvário, da Régua para
Chaves, no "Texas" (durante a tarde). Foram mais de 18 horas de viagem de Lisboa a Chaves.
Mês – JULHO; Calor – INSUPORTÁVEL; Ar Condicionado – O que era isso?
Abríamos as janelas e entrava a fuligem, fechávamos as janelas e derretíamo-nos com o calor. O que valeu foi termos aprendido, com os utentes habituais daquela viagem, que iam descendo em certas estações, iam bebendo umas "vejecas" numas tascas que existiam ao longo da linha, o comboio ia fazendo os meandros que a linha lhe impunha e eles voltavam a apanhá-lo mais à frente. Só visto, mas posso garantir que, das vezes que voltei a utilizar o "Texas", voltei a fazer o mesmo e não pensem que era preciso correr para o apanhar mais à frente noutra estação, não, acho até que aquilo estava programado.
As memórias reportam-se a Janeiro de 1970, quando assentei praça em Mafra, o que, trinta e nove anos depois, para quem fala de memória, é muito tempo.
O primeiro contacto com a esfera militar, tirando a Mocidade Portuguesa e a Milícia da dita instituição que frequentei, fez-se em Janeiro de 1970 na Escola Prática de Infantaria, em Mafra. Comigo entraram, tanto quanto sei, todos os Alferes Milicianos originários do nosso Batalhão, alguns só na recruta, pois os não atiradores foram fazer a especialidade noutras Unidades.
Na altura deram-nos o "Guia do Instruendo" (anexo 1), que continha os apontamentos da história da E.P.I., o hino e letra da E.P.I., a descrição heráldica do guião da E.P.I., o mapa da vila e arredores, o horário das missas, locais dos bens e serviços, descrição do quartel e seus serviços, e as indicações para os instruendos, desde a finalidade dos C.O.M., até às faltas, saídas, comportamento, etc.… Posso transcrever algumas regras:
Barbearias – todos os instruendos do C.O.M. podem cortar o cabelo
gratuitamente na barbearia das praças, NÃO SENDO PERMITIDAS GORJETAS,
ou pagando, na barbearia dos Oficiais e Sargentos (cabelo 4$00), sendo
omisso na questão das gorjetas;
Casamentos – nenhum instruendo deve aprazar o seu matrimónio sem
previamente ter assegurado a possibilidade de o fazer na data em que
pretende;
Óculos escuros – Desde que não sejam graduados só podem ser usados por autorização do Exmo Sr. Comandante, mas as fotos para documentos não podem ser com os ditos óculos.
Foi aí que passámos entre Janeiro e Junho de 1970, cada um no seu pelotão e cada pelotão na sua Companhia, pois, tanto quanto me lembre, nenhum de nós era da mesma unidade de formação.
Antes de rumarmos a Chaves ainda houve uma falácia que consistiu num sorteio para escolher, não sei quantos cadetes – três ou quatro, para rumarem à Força Aérea. Tretas…
Chega então a ida para Chaves. De Lisboa fui eu, o Vale Pereira e o Albuquerque Dias. Comboio para o Porto (viagem durante a noite, no comboio militar ou talvez no comboio correio), depois do Porto para a Régua (ao princípio da manhã) e, então foi o calvário, da Régua para
Chaves, no "Texas" (durante a tarde). Foram mais de 18 horas de viagem de Lisboa a Chaves.
Mês – JULHO; Calor – INSUPORTÁVEL; Ar Condicionado – O que era isso?
Abríamos as janelas e entrava a fuligem, fechávamos as janelas e derretíamo-nos com o calor. O que valeu foi termos aprendido, com os utentes habituais daquela viagem, que iam descendo em certas estações, iam bebendo umas "vejecas" numas tascas que existiam ao longo da linha, o comboio ia fazendo os meandros que a linha lhe impunha e eles voltavam a apanhá-lo mais à frente. Só visto, mas posso garantir que, das vezes que voltei a utilizar o "Texas", voltei a fazer o mesmo e não pensem que era preciso correr para o apanhar mais à frente noutra estação, não, acho até que aquilo estava programado.
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