quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

RMM - B CAÇ 3834 - RESUMO - FACTOS E FEITOS MAIS IMPORTANTES


Este documento, designado "RESUMO - FACTOS E FEITOS MAIS IMPORTANTES" constitui o Relatório de Actividades da Comissão de Serviço em Moçambique do Bat. Caç. 3834.
Pode verificar-se a intensidade invulgar das operações e os resultados provocados ao IN particularmente pelos meus heróis favoritos, os meus companheiros de armas da 3310, sem esquecer o mérito das restantes Companhias, sobretudo da 3309 e da 3311. Algumas operações foram conjuntas com a 2793, algumas outras com a 1ª. Companhia e Comandos de Moçambique e tantas outras com a 3ª. Companhia de Comandos de Moçambique, cujos camaradas sempre muito nos honraram e muitas vezes nos valeram e ajudaram, fazendo verter o seu próprio sangue, o seu suor e as suas lágrimas junto aos nossos da 3310. REALMENTE, o Bat. Caç. teve 19 mortos em combate, dos quais 14 foram da 3310, 4 da 3309 e 1 da 3311. Estes números não coincidem com o que consta do Relatório, feito em 15 de Janeiro de 1973, onde se assinalam 16 mortos em combate, no total. Estas baixas particularmente pesadas ficaram a dever-se ao enorme esforço operacional desenvolvido em 3 módulos permanentes de acção: - defesa da quadrícula nos aquartelamentos de campanha, protecções a colunas de reabastecimento e algumas operações ofensivas normalmente sempre com sucesso (enquanto os efectivos o foram permitindo, já que a certa altura as baixas da 3310 entre mortos, feridos e doentes eram de tal maneira que só com bastante dificuldade se conseguia planear e concretizar uma operação de ataque). Por outro lado, as condecorações das Unidades do Batalhão também atestam de certo modo o que foi a actividade das três Companhias operacionais do Batalhão, apesar de o Relatório se mostrar incompleto, pois houve ainda várias outras condecorações e muitos louvores atribuídos após a sua elaboração.
Espero que aproveitem o documento e que os relatos ajudem a enquadrar melhor os factos que cada um guardou mais ou menos intensamente nas suas memórias.
Aguardo comentários !
Enorme abraço para todos.

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JAD

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Croniquetas - António Manuel Camacho (alf. 3311)

PERIPÉCIAS EM CHAVES – 1
Nas rotas do contrabando, há algumas histórias para contar e recordar.
Nas próximas croniquetas vou relatar algumas.
O Comandante da Unidade não nos concedia licença para, legalmente, irmos a Espanha. Estava com medo que déssemos o salto para França, Marrocos ou Argélia.
Não foi isso que nos impediu de pisarmos o chão de "nuestros hermanos" inúmeras vezes. Como?
De salto, já que não tínhamos outro modo de o fazer.
Usávamos as rotas e caminhos dos contrabandistas, especialmente pelo açude.
Do lado de cá, as aldeias mais raianas eram Vila Verde da Raia, na estrada principal e, mais recatadas, Vila Meã e Vilarinho, se a memória me não falha. De lá Feces de Abaixo.
Para sairmos do País, havia sempre alguém, autorizado pelo Comandante da Unidade que, munido da licença, passava o carro legalmente. Nós apanhávamos boleia até perto da fronteira e passávamos de salto. Do outro lado, em Espanha, éramos recolhidos e, ala até Verin ou Orense.
Naquele tempo não havia o Euro. Havia o Escudo e a Peseta.
Em Feces de Abaixo havia uma taberna, para quem subia do açude no lado direito, onde trocávamos a moeda. Não me lembro do nome do taberneiro, mas era um tipo fantástico de boa disposição e tinha um vinho que nem vos digo.
Quantas vezes, estávamos nós na "Pastelaria Aurora", e aparecia alguém, com a licença passada pelo "Sarraquinhos", a perguntar se queríamos ir até Verin.
Era o que estávamos sempre à espera.
Numa das vezes, fui eu e o Albuquerque Dias.
Quando íamos numa "rosca", entre Vila Verde e a Fronteira, entrou na estrada um carro de bois.
O indivíduo que conduzia o automóvel onde íamos, um Tenente, de que não me lembro o nome, atrapalhou-se e não conseguiu travar a tempo. Fomos todos parar em cima de um monte de pedregulhos. O Albuquerque Dias foi o que ficou pior. Bateu com a testa no espelho retrovisor do veículo, que se partiu, e ficou a sangrar. Alguns dos poucos cabelos que lhe sobravam, pois já tinha umas fortes entradas, lá ficaram.
Depois disto o que sucedeu?
Quem nos tinha dado boleia ficou a tratar do assunto com o dono do carro de bois e nós, arranjámos maneira de voltar a Chaves, para tratarmos do reboque. Mal tínhamos chegado à cidade, arranjado o reboque e de volta ao Aurora, chega outro camarada a perguntar se queríamos ir até Verin. Há que dizer que a "gasosa" era a dividir por todos, o que, justificará a oferta.
Mal fora se não fôssemos, com o Albuquerque Dias a penar, com um penso na testa.
"Gandas malucos".

UMA VERGONHA - Coronel Vítor Santos

1. Especialistas ingleses e norte-americanos estudaram comparativamente o esforço das Nações envolvidas em vários conflitos em simultâneo, principalmente no que respeita à gestão desses mesmos conflitos, nos campos da logística geral, do pessoal, das economias que os suportam e dos resultados obtidos.

Assim, chegaram à conclusão que em todo o Mundo só havia dois Países que mantiveram três Teatros de Operações em simultâneo; a poderosa Grã-Bretanha, com frentes na Malásia (a 9.300 Kms de 1948 a 1960), no Quénia (a 5.700 Kms de 1952 a 1956), e em Chipre (a 3.000 Kms de 1954 a 1959), e o pequenino Portugal, com frentes na Guiné (a 3.400 Kms ), Angola ( a 7.300 Kms ) e Moçambique (a 10.300 Kms ) de 1961 a 1974 (13 anos seguidos).

Estes especialistas chegaram à conclusão que três, dadas as premissas económicas, as dificuldades logísticas para abastecer as três frentes, bem como a sua distância, a vastidão dos territórios em causa, e a enormidade das suas fronteiras, foi aquele que melhores resultados obteve.

Consideraram por ultimo, que as performances obtidas por Portugal, se devem sobretudo à capacidade de adaptação e sofrimento dos seus recursos humanos, e à sobrecarga que foi possível exigir a um grupo reduzido de quadros dos três Ramos das Forças Armadas, comissão atrás de comissão, com intervalos exíguos de recuperação física e psicológica. Isto são observadores internacionais a afirmá-lo.

Conheci em Lisboa oficiais americanos com duas comissões no Vietnam. Só que ambos com três meses em cada comissão , intervalados por períodos de descanso de outros três meses no Hawaii.

As gerações de Oficiais, Sargentos e Praças dos três Ramos das Forças Armadas que serviram durante 13 anos na Guerra do Ultramar, nos três Teatros de Operações, só pelo facto de aguentarem este esforço sobre-humano que se reflecte necessariamente em debilidades de saúde precoces, mazelas para toda a vida, invalidez total ou parcial ,e morte , tudo ao serviço da Pátria , merecem o reconhecimento da Nação , que jamais lhes foi dado.

O preito de homenagem da Nação àqueles que lutaram pela Pátria

2. Em todo o Mundo civilizado, e não só, em Países Ricos, cidadãos protagonistas dos grandes conflitos e catástrofes com eles relacionados, vencedores ou vencidos, receberam e recebem por parte dos seus Governos, tratamentos diferenciados do comum dos cidadãos , sobretudo nos capítulos sociais da assistência na doença, na educação , na velhice, e na morte, como preito de homenagem da Nação àqueles que lutaram pela Pátria, com exposição da própria vida.

Todos os que vestiram a farda da Grã-Bretanha, França, Rússia , Alemanha, Itália e Japão têm tratamento diferenciado .Idem para a Polónia e Europa de Leste, bem como para os Brasileiros que constituíram o Corpo Expedicionário destacado na Europa.

Idem para os Malaios, Australianos, Filipinos, Neo-zelandeses e soldados profissionais indianos.

Nos EUA a sua poderosíssima “Veterans War “ não depende de nenhum Secretário de Estado, nem do Congresso, depende directamente do Presidente dos EUA, com quem despacha quinzenalmente. Esta prerrogativa referendada por toda uma Nação, permite que todos aqueles que deram a vida pela Pátria repousem em cemitérios espalhados por todo o Mundo, duma grandiosidade, beleza e arranjo impares, ou todos aqueles que a serviram, tenham assistência médica e medicamentosa para eles e família, condições especiais de acesso às Universidades, bolsas de estudo, e outros benefícios sociais durante toda a vida.

Esta excepção que o povo americano concedeu a este tipo de cidadãos é motivo de orgulho de todos os americanos.

O tratamento privilegiado que todo o Mundo concedeu aos cidadãos que serviram a Pátria em combates onde a mesma esteve representada, é sufragado por leis normalmente votadas por unanimidade.

Também os civis que ficaram sujeitos aos bombardeamentos, quer em Inglaterra, quer em Dresden, quer em Hiroshima e Nagasaki , têm tratamento diferenciado.

Conheço de perto o Irão. Até o Irão dá tratamento autónomo e especifico aos cidadãos que combateram na recente Guerra Irão-Iraque, onde morreram 1 milhão de iranianos.

Até Países da Africa terceiro mundista e subdesenvolvida , como o Quénia, recentemente visitado para férias pelo Sr. Primeiro-Ministro, atribuiu aos ex-maus-maus, esquemas de protecção social diferentes dos outros cidadãos.

Em todo o Mundo, menos em Portugal.

No meu Pais, os Talhões de Combatentes dos vários cemitérios , estão abandonados, as centenas de cemitérios espalhados pela Guiné, Angola, Moçambique, Índia e Timor, abandonados estão. É simplesmente confrangedor ver o estado de degradação onde se chegou. Parece que a única coisa que está apresentável é o monumento do Bom Sucesso-Torre de Belém, possivelmente porque está à vista e porque é limpo uma vez por ano para a cerimónia publica que lá se realiza. Até grande parte dos monumentos municipais aos Mortos da Guerra do Ultramar vão ficando abandonados.

No meu Pais , a pouco e pouco , foi-se retirando a dignidade devida aos que combateram pela Pátria, abandonando os seus mortos, e retirando as poucas” migalhas” que ainda tinham diferentes do comum dos cidadãos,a assistência médica e medicamentosa, para ele e cônjuge, alinhando-os “devidamente” por baixo.

ATÉ NISTO CONSEGUIMOS SER DIFERENTES DE TODOS OS OUTROS.

No meu Pais, os políticos confundem dum modo ignorante ou acintoso , militares com policias e funcionários públicos (sem desprimor para as profissões de policias e funcionários públicos, bem entendido)

Por ignorância ou leviandade os políticos permanentemente esquecem que o estatuto dos militares não lhes permite, nem o direito de manifestação, nem de associação sindical, (veja-se a recente intervenção governamental por causa duma manifestação convocada por Associações representativas de militares), além de ser o único que obriga o cidadão a dar a vida pela Pátria.

Até na 1ª Republica, onde grassava a indisciplina generalizada, a falta de autoridade, o parlamentarismo balofo, as permanentes dificuldades financeiras e as constantes crises económicas, não foram esquecidos todos aqueles que foram mandados combater pela Pátria na 1ª Guerra Mundial (1914-18), decisão politica muito difícil, mas patriótica, pois tinha a ver com a defesa estratégica das possessões ultramarinas.

Foram escassos 18 meses o tempo que durou a Guerra para os portugueses, mas todos aqueles que foram mobilizados, e honraram Portugal, tiveram medidas de apoio social suplementares diferentes de todos os outros cidadãos portugueses.

Naquela altura os políticos portugueses dignificaram a sua função e daqueles que combateram pela Pária.

Foram criados Talhões de Combatentes em vários cemitérios públicos, à custa e manutenção do Estado, foram construídos monumentos grandiosos em memória dos que deram a vida pela Pátria, foi concebido um Panteão Nacional para o Soldado Desconhecido na Sala do Capitulo do Mosteiro da Batalha com Guarda de Honra permanente, 24 sobre 24 horas, foram criadas pensões especiais para os mutilados, doentes e gaseados, foram criadas condições especiais de assistência médica e medicamentosa para os militares e famílias nos Hospitais Militares, numa altura em que ainda não havia assistência social generalizada como há hoje, foi criado um Lar especifico para acolher a terceira idade destes militares em Runa (é importante relembrar que em 1918 se decidiu receber e tratar os jovens, com 20 anos em 1918 , quando estes tivessem mais de 65 anos de idade), e por ultimo foi criada a Liga dos Combatentes que de certo modo corporizava todo este apoio especial aos combatentes , diferente de todos os outros cidadãos, e era o seu porta-voz junto das instancias governamentais.(uma espécie de “Veteran’s War “ à portuguesa).

Foi toda uma Nação, com os políticos à frente, que deu tudo o que tinha àqueles que combateram pela Pátria, apesar da situação económica desesperada e de quase bancarrota.

Na altura seguimos naturalmente o exemplo das demais nações.

Agora somos os únicos que não seguem os exemplos generalizados do tratamento diferenciado aos que serviram a Pátria em combate.

É SIMPLESMENTE UMA VERGONHA.

Haveria muito mais para dizer para chamar a atenção deste Ministro da Defesa, deste Primeiro-Ministro e deste Presidente da República, todos possivelmente com carências de referencias desta índole nos meios onde se costumam movimentar, sobretudo no que respeita à comparação dos vencimentos, regalias e mordomias dos que expuseram ou deram a vida pela Pátria e aqueles, que antes pelo contrário, sempre fugiram a essa obrigação.

Vítor Santos - Coronel Reformado
4 Comissões de Serviço no Ultramar -10 anos de Trópicos
Deficiente das Forças Armadas por doença adquirida e agravada em Campanha
Quase 70 anos de idade
Sem acumulação de cargos
Sem Seguro de Saúde pago pelo Estado ou EP
Sem direito a Subsidio de Reinserção
Sem cartão de crédito dourado sem limite de despesas
Sem filhos empregados no Estado por conhecimentos pessoais
Sem o direito a reformas precoces de deputado ou autarca
Sem reformas precoces e escandalosas estilo Banco de Portugal ou CGD
Sem contratos que prevêem indemnizações chorudas
Sem direito a ficar com os carros de borla e que o Estado pagou em Leasing
Sem fazer contratos de avenças com Gabinetes de Advogados e Economistas
Sem Pensão de Reforma acima do ordenado do Prés. da Republica
Com filhos desempregados

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Mais uma bela croniqueta do António Manuel Camacho (Alf. da 3311)

O DESENFIANÇO
Como referi, para chegarmos a Lisboa no mesmo dia, era necessário apanhar a rodoviária à hora de almoço de sexta-feira.
A viagem, para além de cara e longa, ainda comportava o risco de sermos apanhados, fora do quartel, a horas desapropriadas, pelo menos dentro dos cânones da hierarquia militar.
Será redundante dizer que a licença de fim-de-semana só tinha validade após o toque de ordem, à sexta-feira, ao fim da tarde.
Como fazer para nos desenfiarmos, já que não havia tolerância para ninguém?
O mais comum, ou pelo menos o sistema que mais vi, era saltar o portão/gradeamento nas traseiras do quartel, que dava acesso à carreira de tiro e, daí, até à cidade, era um pulo.
A outra, era sair pela porta de armas, mas então, tínhamos que contornar o "supremo" Comandante, que, àquela hora, já estava de olho em quem saía e entrava.
Para tudo tem que haver uma solução e, para quem mais quer ver, normalmente, mais cego é.
Em Chaves havia um destacamento no chamado Forte de São Lourenço.
Este era constituído por uma secção, comandada por um furriel miliciano e umas quantas praças, a fim de manter a soberania (?) do local.
Quando pensávamos vir a Lisboa o que é que fazíamos?
Na véspera, íamos levar ao Forte um saco com roupa civil, que, na hora certa, trocávamos pela roupa militar e, daí, zarpávamos para a camioneta, ali a dois passos.
Havia uma dificuldade. Como chegar ao Forte sem ser visto e sem saltar o tal portão?
Facílimo, só o "Sarraquinhos" (alcunha do Comandante e nome da aldeia de onde era natural, perto de Montalegre) é que não via, por muito que estivesse de olho atento, na varanda do edifício do Comando.
No B. Caç. 10 havia um cabo que tinha um gipão enorme, com toldo de lona e que ia, todos os dias, almoçar a casa no centro da cidade.
De sua alcunha o "Estraga-a-Tábua" e, ao que dizem, embora cabo, não sabia sequer, escrever o seu nome. Era Pai de um dos melhores jogadores de futebol que conheci – o Pavão, que morreu no relvado, ao serviço do Futebol Clube do Porto.
Pois o "Estraga-a-Tábua", tal como as beatas de sacristia temem a Deus, ele temia, no mesmo sentido, tudo o que era oficial, miliciano ou não.
À hora de sair para ir almoçar, nós colocávamo-nos, num sítio estratégico, fora do domínio do Comandante, a pedir-lhe boleia, com a desculpa de termos de ir ao forte ou à cidade, tanto fazia, o que ele nunca punha em causa ou perguntava o por quê.
Dentro do veículo encostávamo-nos o mais possível para dentro, de modo a não sermos vistos da varanda do edifício que dava para a Porta de Armas.
Muito embora a sentinela fizesse o cumprimento da ordem (ombro arma se não me engano, pois ia a sair um oficial), como tínhamos o salvo-conduto do veículo onde éramos transportados, nada fazia supor que íamos desenfiados e assim conseguíamos o nosso fim.
Pela sua honestidade, daqui lhe presto a minha homenagem e peço desculpa pelas malandrices que lhe pregámos

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Croniquetas do António Camacho

DIFICULDADES DE QUEM ERA MOURO

Escrevi, na minha última croniqueta, que os habitantes de Chaves ficavam sempre de pé atrás com estranhos, talvez devido à rotina do contrabando.

Também nós calcorreámos os trilhos e caminhos que os contrabandistas usavam para transportar os seus enormes fardos.

Surpresa? Só para quem não viveu aquela época e não nos conhecesse, mas isso fica para outra memória.

No B. Caç. 10 não havia fins-de-semana prolongados, ou seja, a instrução começava bem cedo à segunda-feira e ia até sábado ao meio-dia.

Havia uma tolerância, semana sim, semana não, para que cada um de nós pudesse sair à sexta-feira após o toque de ordem, mas tinha que se deixar o serviço assegurado, quer para a instrução da manhã de sábado, quer para as escalas de serviço (oficial de prevenção, de ronda e de piquete, se não me engano, pois o de dia era para oficiais do quadro ou, pelo menos, mais velhos).

Quem era das redondezas, quanto muito do Porto, estava, como se costuma dizer, em casa, agora chegar a Lisboa, UPA, UPA.

Nenhum de nós, vindos do Sul, tinha automóvel (mais tarde apareceu o Cap. Moreira; talvez conte as peripécias duma viagem a Lisboa e a entrada triunfal em Lamego).

Assim sendo, a maneira mais usual, pelo menos para mim, de chegar à capital e ao aconchego do lar que nos viu partir, era apanhar o transporte na empresa rodoviária da altura, de que não me lembro o nome (a RENEX daquele tempo), que saía de Chaves pela hora do almoço de sexta-feira, com terminal em Vila Real. Aí tínhamos de esperar um par de horas pela ligação ao Porto. A viagem ia pelo Marão que, se o tempo e o trânsito estivessem de feição, nos permitia chegar a Campanhã a tempo de apanhar o comboio especial reservado aos militares, com bilhetes muito mais baratos. Este partia, se não me engano, às dezanove horas, com chegada a Lisboa pela meia-noite. Quando a carreira se atrasava e o perdíamos, tínhamos de esperar pelo comboio-correio que saía de Campanhã à meia-noite e chegava a Santa Apolónia pelas oito da manhã.

Lembro-me de ter testado este último com o Rui Neves.

Como a noite era longa, tratámos de alugar beliches numa carruagem cama. Sorteámos, o de cima ou o de baixo, para ver onde cada um se ia deitar.

Depois de estendido, por mais que me esforçasse, ainda por cima o Rui ressonava que nem um porco, salvo seja, não conseguia conciliar o sono. Quando já estava meio a dormir meio acordado batem à porta. Era o revisor a verificar os bilhetes… Porra que, depois disto, então é que não consegui dormir mesmo.

O busílis da questão era sair do quartel a tempo de apanhar o autocarro para Vila Real, pois a dispensa era na sexta-feira ao toque de ordem e nós tínhamos de apanhar o autocarro muito antes, logo a seguir ao almoço, mas isso fica para a próxima.

O LOUVOR da 3310



Meus Heróis Favoritos,
Aqui têm o documento que foi já CONFIDENCIAL e que hoje é histórico e em que foi publicado o LOUVOR do Batalhão à 3310.
Segundo informações, este Louvor terá dado origem a um outro, da Região Miliar de Moçambique, mas de cuja existência ainda não consegui ober prova documental.
Havia também uma proposta de Cruz de Guerra para a Companhia, mas era necessário ir à Ilha de Moçambique para se fazerem umas cerimónias ...
O Morais, o Sá, o Neves e eu pedimos ao Chefe de Estado Maior em Nampula para nos dispensar da deslocação e como a coisa ficou um pouco torta ... Acho que morreu aí o tal projecto de proposta para Cruz de Guerra !
Haja Deus !

JAD

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